As memórias de Sherlock Holmes - Cap. 8: O Paciente Internado Pág. 181 / 274

Trevelyan já lhe falou desta intrusão injustificável nos meus aposentos.

- Exactamente - respondeu Holmes. - Quem são esses dois homens, Mr. Blessington, e porque querem incomodá-lo?

- Bem, bem - disse ele em tom nervoso -, claro que é difícil dizer. Não lhe posso dar uma resposta a esse respeito, Mr. Holmes.

- Quer dizer que não sabe?

- Entre aqui, por favor. Tenha a bondade de entrar aqui. Abriu caminho para o seu quarto, que era grande e confortavelmente mobilado.

- O senhor vê aquilo? - disse, apontando para uma grande caixa preta na extremidade da sua cama. - Nunca fui muito rico, Mr. Holmes, e nunca fiz senão um investimento na minha vida, como o Dr. Trevelyan lhe pode dizer. Não tenho confiança nos banqueiros. Jamais acreditaria num banqueiro, Mr. Holmes. Aqui entre nós, o pouco que tenho está naquela caixa. O senhor pode compreender, pois, o que significa para mim quando pessoas desconhecidas entram nos meus aposentos.

Holmes olhou para Blessington de modo inquiridor e sacudiu a cabeça.

- Não o posso aconselhar se o senhor tenta enganar-me - disse ele.

- Mas eu disse-lhe tudo.

Holmes voltou-lhe as costas com um gesto de desgosto.

- Boa noite, Dr. Trevelyan - disse ele.

- E nem o menor conselho para mim? - gritou Blessington, numa voz entrecortada.

- O meu conselho é que diga a verdade.

Um minuto depois estávamos na rua de regresso a casa. Atravessámos a Oxford Street e já estávamos a meio caminho da Harley Street sem que eu conseguisse arrancar uma palavra ao meu companheiro.

- Lamento tê-lo feito sair para uma missão tão tola, Watson - disse por fim. - Mas, no fundo, é um caso muito interessante.

- Confesso que não compreendo.





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