Foi, portanto, com grande surpresa que o vi entrar no meu consultório, na noite de 24 de Abril. Chocou-me sobretudo o seu aspecto mais pálido e mais magro do que o habitual.
- Sim, tenho-me esforçado de mais - observou, mais em resposta ao meu olhar do que às minhas palavras. - Tenho-me sentido atrapalhado ultimamente. Importa-se que eu corra as portadas?
A única luz da sala provinha do candeeiro sobre a mesa a que eu estivera lendo. Holmes dirigiu-se para a janela, fechou a portada e colocou-lhe o ferrolho como segurança.
- Está com receio de alguma coisa? - perguntei.
- Estou.
- De quê?
- De espingardas de ar comprimido.
- Meu caro Holmes, que quer você dizer com isso?
- Creio que me conhece o suficiente, Watson, para saber que não sou, de modo algum, um homem nervoso; mas também sei que não é coragem, mas estupidez, recusarmo-nos a reconhecer o perigo iminente. Posso pedir-lhe um fósforo?»
Inspirou profundamente o fumo do cigarro, como se este tivesse uma influência calmante.
- Devo desculpar-me por vir visitá-lo tão tarde, - continuou - e ainda por lhe pedir que deixe, por momentos, de ser convencional e permita que eu saia daqui escalando o muro das traseiras.