As memórias de Sherlock Holmes - Cap. 1: O Estrela de Prata Pág. 28 / 274

- Confesso - continuou - que se tivesse elaborado qualquer teoria baseada nas reportagens dos jornais, teria errado estrondosamente. Mas apresentaram algumas informações, embora tão carregadas de pormenores sem interesse que lhes roubavam toda a eficiência. Fui a Devonshire com a convicção de que o verdadeiro culpado era Fitzroy Simpson, apesar de perceber que as provas contra ele não eram, de modo nenhum, completas. Mas foi quando estava na carruagem, ao chegar a casa do treinador, que me ocorreu o imenso significado do carneiro com molho. Os senhores lembram-se, com certeza, de que eu estava distraído e continuei sentado depois de já todos terem descido. E eu próprio me admirava de que tivesse sido possível deixar um vestígio tão claro e evidente.

- Confesso - disse o coronel- que até agora não sou capaz de atinar com o seu valor.

- Foi o primeiro elo da minha cadeia de raciocínios. O ópio em pó não é insípido; longe disso. O seu sabor não é desagradável, mas nota-se perfeitamente. Adicionado a qualquer prato comum, o comensal sentiria, sem dúvida, alguma coisa e seria até possível que não comesse mais. Ora o molho foi exactamente o meio de lhe disfarçar o gosto! Mas não é lícito supor que esse estranho Fitzroy Simpson tivesse mandado servir molho à família do treinador, naquela mesma noite. Como é, sem dúvida, uma monstruosa coincidência supor-se que ele tinha trazido consigo o pó de ópio precisamente na noite em que acontecia haver um prato capaz de lhe disfarçar o sabor. Isto é inimaginável. Portanto, Simpson fica excluído do caso e a nossa atenção passa a concentrar-se em Straker e sua mulher, as duas únicas pessoas que podiam ter escolhido carneiro com molho para a ceia daquela noite.





Os capítulos deste livro