O Mundo Perdido - Cap. 9: Capítulo 9 Pág. 97 / 286

Gomez puxou pela faca e, não fosse a força extraordinária do negro que o desarmou com uma única mão, lambo teria sido apunhalado. O assunto terminou com uma severa admoestação, e os adversários foram convidados a apertar a mão. Esperemos que tudo corra bem. Quanto aos nossos dois sábios, andam desabridos e a sua intimidade cheira a azedo. Concordo de boa vontade que Challenger é ultraprovocante, mas Summerlee possui uma língua cujo o ácido envenena tudo. Ontem à noite Challenger disse-nos que nunca se tinha preocupado em caminhar pelo cais do Tamisa e olhar contra a corrente, porque provocava sempre a tristeza contemplar o seu próprio túmulo. (Está persuadido de que será enterrado na abadia de Westminster.) Summerlee replicou, com um sorriso sarcástico, que, no entanto, a prisão de Milibank tinha sido demolida. Mas a vaidade de Challenger é colossal para poder ser realmente ofendida por outrem. Contentou-se em sorrir no meio das barbas e a repetir: «Olha! Olha!» com a voz que se usa para falar às crianças. Na verdade, eles são duas crianças: um ressequido e rabugento, o outro imperioso e formidável. E, todavia, ambos possuem um cérebro que os colocou na primeira fila da ciência moderna. Dois cérebros, dois caracteres, duas almas, só aquele que conhece muito da vida pode compreender a que ponto eles eram dissemelhantes.

No dia da nossa verdadeira partida, todas as nossas coisas se arrumaram à vontade nas duas canoas; dividimos o pessoal: seis homens em cada, não esquecendo, no interesse da paz comum, de separar os dois professores.





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