Um Estudo em Escarlate - Cap. 9: 2 - A Flor de Utá Pág. 82 / 127

Jefferson Hope pôde contar-lhe tudo isso, e de uma maneira que interessava tanto a Lucy como ao pai. Ele tinha sido pioneiro na Califórnia e podia contar muitas histórias estranhas de fortunas que se ganharam e se perderam naqueles tempos selvagens e difíceis. Também fora batedor, caçador, explorador de prata e rancheiro. Onde quer que houvesse empresas ousadas e excitantes, Jefferson Hope tinha ido ao seu encontro. Logo se tornou o favorito do velho rendeiro, que falava eloquentemente das suas qualidades. Nessas ocasiões, Lucy ficava calada, mas o rosto corado e os olhos brilhantes e felizes revelavam apenas, com demasiada clareza, que o seu coração de rapariga já não lhe pertencia. O seu honesto pai talvez não tenha notado esses sintomas, mas certamente que não passaram despercebidos ao homem que ganhara o seu afecto.

Numa noite de Verão apareceu a descer a estrada a galope e parou junto ao portão. Ela estava na soleira da porta e foi ter com ele. Ele atirou o freio por cima da vedação e subiu o carreiro com grandes passadas.

- Estou de partida - disse ele, pegando-lhe nas mãos e olhando com ternura para o seu rosto. - Não pedirei para vires comigo agora, mas estarás preparada para vir quando eu voltar aqui?

- E quando será isso? - perguntou ela, enrubescendo e rindo.

- Quanto muito, alguns meses. Depois virei pedir-te, minha querida. Não há ninguém que se possa pôr de permeio.

- E o pai? - perguntou ela.

- Ele deu o seu consentimento; contanto que consigamos pôr estas minas a laborar. Quanto a isso não tenho medo.

- Oh, óptimo, claro, se tu e o pai trataram de tudo, não há mais nada a dizer - sussurrou ela, com o rosto encostado ao peito largo.

- Graças a Deus! - disse ele com a voz rouca, inclinando-se para a frente e beijando-a. - Então está combinado.





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