- Você!? Bem, de qualquer modo não vejo que isso tivesse muita importância para si. Nem sequer é nosso amigo.
O rosto do jovem caçador ficou tão carrancudo que Lucy Ferrier soltou uma gargalhada.
- Não queria dizer isso... - disse ela. - Claro que agora é um amigo. Tem de nos vir visitar. Agora tenho de ir andando ou o pai nunca mais me encarrega dos assuntos dele. Adeus!
- Adeus! - respondeu ele, erguendo o largo sombrero e curvando-se sobre a sua mão pequena. Ela fez virar o mustang, deu-lhe uma vergastada com o chicote e precipitou-se pela larga estrada abaixo envolta numa nuvem de pó ondulante.
O jovem Jefferson Hope, melancólico e taciturno continuou a cavalgar com os seus companheiros. Haviam estado nas montanhas do Nevada a prospectar prata e regressavam a Salt Lake City na esperança de arranjar capital suficiente para explorar alguns filões que tinham descoberto. Ele era tão arguto no negócio como qualquer deles até que este incidente inesperado desviou os seus pensamentos para outros assuntos. A visão da bela rapariga, tão simples e sadia como as brisas da Sierra, excitara o seu coração vulcânico e selvagem. Quando deixou de a ver compreendeu que tinha surgido uma crise na sua vida e que nem as especulações sobre a prata nem outros problemas jamais poderiam ser tão importantes para ele como este, que era novo e absorvente. O amor que despontara no seu coração não era o devaneio repentino e instável do rapaz, mas sim aquela paixão indomável, violenta, de um homem com uma vontade de ferro e um temperamento arrebatado. Estava acostumado a ser bem-sucedido em tudo o que fazia. Jurou que não falharia se o esforço e a perseverança humana o ajudassem a ser bem-sucedido.
Nessa noite fez uma visita a John Ferrier, e muitas mais, até que o seu rosto se tornou familiar na casa da herdade. John, preso ao vale e ocupado com o seu trabalho, tivera poucas oportunidades de tomar conhecimento das novidades do mundo exterior nos últimos doze anos.