Camões - Cap. 3: CANTO TERCEIRO Pág. 50 / 177

Amigo é falso.

Os de Macau, de Goa e Moçambique,

Todos faltaram; e eu fui sempre...»

Corta-lhe

Um mar de pranto a voz.

- «Tu foste sempre

O meu fiel António».

Humedeceram-se

Os olhos do guerreiro; e como a efeitos

De simpático influxo, ao velho austero

Pelas rugas das faces deslizaram

Gotas de suave, enternecido pranto.

XI

Serena a reflexão comoções d’alma.

O Lusitano continua: - «Certo

Que hás dito bem: tão profanado e abjecto

De amigo o santo nome hão posto os homens,

Que mal sei eu se injúria ou honra é ele.

Parou aqui, como assombrado n’alma

Da amarga observação. Depois, volvendo-se

Menos aflito ao missionário, disse:

- «Embora! pois que enfim tenho encontrado

Consolação tão doce a minhas mágoas.

O meu nome - inda mal! bem conhecido

Por esse novo império do oriente -

É Luís de Camões.





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