I
Vós vedes esses lobos carniceiros,
Que em volta dos redis andam bramindo?
Que onde se espalha o sangue são primeiros,
E últimos onde o Amor está sorrindo?
Tremeis de medo ao vê-los? ou, rasteiros,
Da vista deles vos andais sumindo?
Ou, cheios de ódio, estais a invejá-los?
Pois, em verdade, que é melhor chorá-los!
Eles não vêem deste grande mundo
Mais que os tectos dourados de seus paços…
Vós tendes todo o céu largo e profundo
Por tecto, e por palácio esses espaços!
O que Deus dá a todos… o fecundo…
Que não se nega aos mais mirrados braços…
O brado que de um peito amado sai…
E o que do olhar das mães n’alma nos cai…
A herança é bela, miseráveis! vede…
Miseráveis! porquê? porque