Mas ela não lhe respondeu.
- Adeus - repetiu o principezinho.
A flor tossiu. Mas não era por causa da constipação.
- Fui muito parva - acabou finalmente por dizer. - Desculpa. Vê se consegues ser feliz.
Ficou espantado por ela não se pôr com recriminações. E para ali se deixou ficar, totalmente desconcertado, de redoma no ar. Não conseguia compreender aquela mansidão, aquela calma.
- Porque é que estás tão admirado? É evidente que eu te amo - disse a flor. - Nunca o soubeste, por culpa minha. Mas isso, agora, já não tem qualquer importância. Olha que tu também foste tão parvo como eu. Agora, vê lá se consegues ser feliz... E deixa essa redoma em paz. Já não a quero.
- E o vento?
- Não estou tão constipada como isso... O fresco da noite há-de fazer-me bem. Sou uma flor!
- E os bichos?
- Duas ou três lagartas terei eu de suportar se quiser saber como são as borboletas. Parece que são tão bonitas! E, se não forem elas, quem é que se lembra de me vir cá visitar? Tu, tu hás-de estar bem longe. E dos bichos maiores, não tenho nada a recear. Afinal, para que quero eu as minhas garras?
E mais uma vez exibia ingenuamente os seus quatro espinhos. Depois, ainda disse:
- Não fiques para aqui a empatar, que me irritas! Não te resolveste ir embora? Pois então vai!...
Porque ela não queria que ele a visse chorar. Era uma flor tão orgulhosa...