O Principezinho - Cap. 25: Capítulo 25 Pág. 65 / 78

As palavras do principezinho bailavam-me na memória.

- Então tu também tens sede? - perguntei eu.

Mas ele não respondeu à minha pergunta. Disse simplesmente:

- A água também pode ser boa para o coração...

Não percebi a resposta dele, mas calei-me... Já sabia que não valia a pena desatar a fazer-lhe mais perguntas.

O principezinho estava cansado. Sentou-se. Eu sentei-me ao seu lado. Primeiro, ficou uma data de tempo calado, mas depois disse:

- As estrelas são bonitas por causa de uma flor que não se vê...

Eu respondi "Claro!" e pus-me a observar, calado, as pregas da areia ao luar.

- O deserto é bonito - disse o principezinho.

E era verdade. Sempre gostei do deserto. Uma pessoa senta-se numa duna. Não vê nada. Não ouve nada. E, no entanto, há qualquer coisa a brilhar em silêncio.

- O que torna o deserto bonito - disse o principezinho – é haver um poço escondido em qualquer parte…

De repente, e para grande espanto meu, percebi o que era aquele brilho misterioso da areia. Quando era pequeno, vivia numa casa antiga e dizia-se que havia um tesouro lá escondido. Claro que nunca ninguém o conseguiu descobrir e talvez nunca ninguém se tivesse sequer dado ao trabalho de o procurar. Mas o facto é que ele encantava a casa toda. A minha casa tinha um segredo escondido no fundo do coração…

- Tens razão - disse eu para o principezinho. - Casas, estrelas ou desertos, é tudo a mesma coisa: o que lhes dá beleza nunca se vê!





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