Mesmo assim trouxe o dinheiro para a gruta, e pu-lo junto do que tirara do nosso buque. Era uma grande pena, como já disse, que a outra parte do barco espanhol não tivesse ficado acessível, pois estou certo de que poderia obter dinheiro suficiente para carregar muitas vezes a chalupa, conservando-o na gruta, com a esperança de levá-lo se alguma vez regressasse a Inglaterra.
Após ter posto em segurança tudo quando desembarcara, voltei para a canoa e conduzi-a remando para a sua enseada habitual, onde a deixei. Depois, dirigi-me com prontidão para a minha antiga morada, onde encontrei tudo calmo e ordenado. Ali comecei a recompor-me e a viver segundo os meus antigos hábitos, ocupando-me com as tarefas domésticas. Durante algum tempo nada perturbou o meu repouso; apesar disso, estava mais em guarda do que habitualmente, e não saía tanto; se me decidia a fazer algumas excursões, dirigia sempre os meus passos para leste da ilha, onde estava quase certo de que nunca apareceriam os selvagens, e onde podia ir sem tantas precauções e sem carrego de munições e armas, que sempre levava quando me dirigia para o outro lado. Vivi cerca de dois anos desta maneira; a minha desditosa imaginação, porém, que parecia rebelar-se a cada passo, esteve durante todo esse tempo cheia de mil projectos dirigidos, todos eles, para a fuga da ilha.