As novas doutrinas nasceram em parte por causa do acúmulo de conhecimento histórico, e o crescimento do sentido histórico, que mal existira antes do século dezanove. O movimento cíclico da história era agora inteligível ou parecia ser; e, sendo inteligível, era alterável. Mas a causa principal, subexistente, era que, desde o começo do século vinte, a igualdade humana se tornara tecnicamente possível. Verdade ainda que os homens não eram iguais nos seus talentos inatos e que as funções tinham de ser especializadas de maneira que favoreciam uns indivíduos contra outros; porém não havia mais nenhuma necessidade real de distinção de classe nem de grandes diferenças de fortuna. Em épocas anteriores, as distinções não tinham sido apenas inevitáveis como desejáveis. A desigualdade era o preço da civilização. Todavia, com o desenvolvimento da produção à máquina, alterou-se o caso. Mesmo que ainda fosse necessário aos seres humanos desempenhar diferentes tipos de profissão, já não era preciso que vivessem em diferentes níveis sociais ou econômicos. Portanto, do ponto de vista dos novos grupos que estavam a pique de tomar o poder, a igualdade humana não era mais um ideal a atingir, era um perigo a evitar.