- Te pedi com educação, não foi? - insistiu o velho endireitando os ombros belicosamente. - Qué me dizê que não têm uma caneca de pinta nesta birosca?
- E que demônio de troço é uma pinta? -quis saber o botequineiro, inclinando-se para a frente e apoiando-se no balcão com as pontas dos dedos.
- Oia só ele! Botequineiro que nem sabe o que é pinta! Ué, uma pinta é a metade duma quarta, e tem quatro quartas no galão. Daqui a pouco tenho que te ensiná o abc!
- Nunca escuitei falá nisso - disse o rapaz. - Litro e meio-litro... é só o que servimos. Aí estão as canecas na sua frente.
- Gosto de pinta - persistiu o velho. - Você bem que me podia servi uma pinta. Não tinha essas besteiras de litro quando eu era moço.
- Quando tu era moço nós todos morava trepado nas arve - disse o botequineiro, olhando de soslaio para os outros fregueses.
Houve uma gargalhada geral, e pareceu desaparecer o mal-estar causado pela entrada de Winston. Sob a barba branca que despontava, o velho corou violentamente. Voltou-se, falando sozinho, e tropeçou em Winston, que o segurou delicadamente pelo braço.