- Eu sei, mas agora é tudo diferente.
- Ainda estás enervado?
- Sim. Até certo ponto.
- Porquê?
Impeliu-a um pouco na sua frente. Tanto fazia ter a explicação já como mais tarde. Não obstante, sentia-se tão embaraçado que balbuciou, mais do que disse:
- Tenho uma coisa horrível para te comunicar que não me sai do pensamento.
- De que se trata?
- Do seguinte. Podes emprestar-me algum dinheiro?
Estou absolutamente liso. Trazia o suficiente para hoje, mas o raio do hotel transtornou-me os planos. Só me restam oito pence.
Rosemary ficou varada, e acabou de desprender-se dos braços dele.
- Só oito pence? Que estás para aí a dizer? Que importância tem isso?
- Não compreendes que terei de te cravar? Vais ser obrigada a pagar as passagens de camioneta de ambos, o chá e Deus sabe que mais. E convidei-te eu para um passeio ao campo! Devia poder sustentar-te ao menos um dia. É uma situação horrorosa.
- Sustentar-me? Oh, Gordon! É isso que te tem preocupado?
- É.
- Não passas de uma criança. Como podes permitir que uma insignificância dessas te apoquente? Como se me importasse de te emprestar dinheiro! Não estou constantemente a dizer-te que quero pagar a minha parte, quando saímos juntos?
- Estás, e sabes como me custa que pagues. Discutimos isso, a outra noite.
- És simplesmente absurdo. Pensas que a falta de dinheiro tem algo de vergonhoso?
- Com certeza que tem! É a única coisa no mundo de que uma pessoa se deve envergonhar.
- Mas que tem tudo isto que ver com o facto de fazermos amor? Confesso que não te entendo. Primeiro, querias, agora mudaste de ideias. Que, relação há com o dinheiro?
- Toda. - Gordon enfiou o braço dela no seu e recomeçaram a caminhar na estrada. Rosemary nunca compreenderia. Em todo o caso, ele tinha de lhe explicar. - Uma pessoa não se pode considerar um ser humano completo... não se sente um ser humano... sem dinheiro na algibeira.
- Discordo. Isso é um disparate.