O Vil Metal - Cap. 8: Capítulo 8 Pág. 153 / 257

- Não é que não queira fazer amor contigo. Garanto-te que quero. Mas não posso, com apenas oito pence na algibeira. Pelo menos, desde que o saibas. Não sou capaz. É fisicamente impossível.

- Mas porquê? Porquê?

- Encontrarás a explicação em Lemprière – murmurou vagamente.

Ficaram por aqui. Não voltaram a abordar o assunto. Ele portara-se, de forma reprovável pela segunda vez, apesar do que levara Rosemary a supor que era a culpada. Recomeçaram a caminhar. Ela não o compreendia e, por outro lado, perdoava-lhe tudo. Por fim, chegaram a Farnham Common e, após alguns minutos de espera no cruzamento, subiram para a camioneta de Slough. Na escuridão, quando o veículo se acercava, Rosemary procurou a mão de Gordon e depositou nela meia coroa, para que pudesse pagar as passagens sem ter de se envergonhar por deixar uma mulher fazê-lo em público.

Por si, ele teria ido a pé até Slough, a fim de poupar o dinheiro da viagem, mas sabia que Rosemary recusaria. Uma vez em Slough, propôs que embarcassem no primeiro comboio que passasse, porém ela declarou com indignação que não o fazia sem tomar o chá habitual, pelo que entraram num pouco atraente e enorme hotel perto da estação. O chá, com sanduíches pequenas e mirradas e biscoitos duros como pedras, custava dois xelins por cabeça. Não foi sem profundo tormento que Gordon a deixou pagar a conta. Amuado, não comeu nada e, após uma discussão cochichada, insistiu em contribuir: com os seus oito pence.

Eram sete horas da tarde, quando subiram para o comboio com destino a Londres, cheio de passeantes domingueiros de calção de caqui. Rosemary e Gordon trocaram poucas palavras durante o percurso. Sentavam-se muito juntos, ela com o braço enfiado no dele e movendo os dedos na palma da sua mão, enquanto Gordon olhava pela janela.

Os outros passageiros do compartimento observavam-nos e perguntavam-se qual teria sido o motivo da discussão. Ele via distraidamente os postes sucederem-se no rectângulo escuro. Chegava ao fim o dia pelo qual tanto ansiara.





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