- As cervejas grandes acabaram-se! - anunciou a atarefada barmaid, que servia uísque com os olhos postos no relógio.
- Ainda há na prateleira de cima, Effie! - gritou o dono do botequim, do outro lado do balcão.
A rapariga serviu a monstruosa bebida e Gordon levou o copo aos lábios. Que peso! Meio litro de água pura pesava cerca de quinhentos gramas. Bota abaixo com ela!
Um longo gole de cerveja deslizou pela garganta e perdeu-se nas suas entranhas. Ele fez uma pausa para recobrar o alento e sentiu-se um pouco atordoado. Bem, vamos a outro trago. Garganta e entranhas! Desta vez, quase ficou sufocado, mas não desistiu. Através da cascata que lhe invadia o organismo e parecia alagar-lhe as orelhas, ouviu o dono do botequim bradar:
«Última rodada, por favor, cavalheiros!» Por um momento, Gordon separou a boca do copo, engasgou-se por um instante e recuperou o fôlego. Só mais uma vez, a última. Garganta, entranhas! A-a-a-h! Pousou o copo. Esvaziara o conteúdo da garrafa em três goles. Utilizou-o para bater no balcão e pedir:
- Outra igual... depressa!
- Como é isso? - balbuciou o major aposentado. - Não estará a exagerar? - aventurou o viajante comercial.
Ravelston, também junto do balcão, mas um pouco distanciado de Gordon, acompanhava-lhe os movimentos com ansiedade crescente e tentava convencê-lo a não beber mais através de gritos que não chegavam ao consciente do destinatário. Finalmente viu-o endireitar-se e firmar-se nas pernas, que ainda suportavam o corpo com segurança. Gordon tinha a impressão de que a cabeça se dilatara incomensuravelmente, sensação que se transmitia a todo o corpo. Ergueu o copo que acabava de encher de novo e olhou-o com repulsa. Não lhe apetecia. O cheiro da cerveja provocava-lhe náuseas. Não passava de um líquido detestável, pálido, amarelo, de sabor intragável. Quase como urina! A ideia de verter semelhante mistela no organismo afigurava-se-lhe simplesmente inconcebível. Mas não podia hesitar. De resto, não se encontrava ali para outra coisa. Bota abaixo! «Ei-la, tão perto do meu nariz. Empurra-a para dentro, vá. Garganta e entranhas!»