Enfiou a mão na algibeira para se certificar de que os três pence ainda lá se encontravam. No fundo, par que não? Quem teceria comentários, no bar público? Pousaria o Joey no balcão e encararia a situação com humorismo. «Guardava isto para o pudim de Natal. .. ah, ah!» Todos ririam. Parecia-lhe sentir já na língua o sabor metálico da cerveja acabada de tirar.
Moveu os dedos sobre o minúsculo disco, indeciso.
Entretanto, os Búfalos voltavam à carga:
E o resto são cantigas, E o resto são cantigas!
Porque ele é um fulano porreiro...
Gordon retrocedeu para a outra sala. A montra estava embaciada, em virtude do calor no interior. Não obstante, havia pequenas áreas no vidro através das quais se podia ver algo. Espreitou e verificou que Flaxman se achava presente.
A sala estava repleta de gente. A semelhança de todas as observadas de fora, parecia inefavelmente acolhedora. O lume que ardia no fogão bailava, espelhado, nas escarradeiras de latão. Gordon julgou notar o odor da cerveja através do vidro. Flaxman sentava-se ao balcão com dois amigos de cara de peixe que lembravam angariadores de seguros do tipo menos repelente. Um cotovelo apoiado no tampo de linóleo, o pé pousado na barra metálica, uma caneca com vestígios de espuma na outra mão, trocava chalaças com a atraente barmaid loura, a qual estava de pé numa cadeira do outro lado e arrumava as garrafas da prateleira, ao mesmo tempo que falava por cima do ombro. Não era possível ouvir o que diziam, mas tornava-se fácil adivinhá-la. Flaxman emitiu qualquer comentário jocoso e os homens de cara de peixe irromperam em gargalhadas obscenas. E a loura atraente, olhando para baixo, chocada e divertida simultaneamente, abanou o pequeno posterior quase perfeito.
Gordon sentiu o coração contrair-se. Estar lá dentro, só o prazer de estar lá dentro! No quente e iluminado, com pessoas para conversar, cerveja e cigarros e uma moça namoriscar! No fundo, porque não entrava?