As memórias de Sherlock Holmes - Cap. 5: O Ritual de Musgrave Pág. 107 / 274

A vela ficou ainda na mesa, e assim consegui ver o papel que Brunton havia tirado da secretária. Para minha surpresa, não tinha qualquer importância. Era simplesmente uma cópia das perguntas e respostas da velha observância chamada o Ritual Musgrave. É uma espécie de cerimónia peculiar da nossa família, que cada Musgrave, por séculos, tem repetido quando chega à maioridade - uma coisa de interesse privado, e talvez de pouca importância, até para o arqueólogo, assim como os nossos brasões e armas, mas de nenhum outro uso prático.»

«- Voltaremos ao papel depois» - comentei.

«- Se julga que é realmente necessário» - respondeu Musgrave com certa hesitação. «- Então, continuando esta narrativa, abri a secretária servindo-me da chave que Brunton tinha deixado, e voltava-me já quando descobri que o mordo mo regressara e estava de pé diante de mim.

«'- Sr. Musgrave,' - exclamou ele numa voz rouca de emoção 'não posso tolerar a desgraça. Fui sempre muito orgulhoso da minha posição social e a desgraça matar-me-ia. O meu sangue cairá sobre a sua cabeça... cairá, na verdade..., se me lançar no desespero. Se não me pode conservar depois do que.se passou, então, pelo amor de Deus, deixe-me pedir-lhe a demissão e sair dentro de um mês, como se fosse de minha livre vontade. Poderei enfrentar isso, Sr. Musgrave, mas não ser despedido diante de toda a gente que conheço tão bem.'

«'- Não merece muita consideração, Brunton' - respondi. 'A sua conduta foi muito infame. Todavia, está há muito tempo na família e não desejo tornar pública a sua desgraça. No entanto, um mês é muito. Demita-se dentro de uma semana e dê a razão que quiser para a sua demissão.'

«'- Somente uma semana, senhor?' ~ gritou com voz desesperada.