As memórias de Sherlock Holmes - Cap. 6: O Enigma de Reigate Pág. 139 / 274

O pormenor é simples, mas o inspector desprezara-o, porque tinha partido da hipótese de que aqueles magnatas do condado nada tinham a ver com a coisa. Ora, eu faço questão de nunca ter qualquer preconceito e de seguir docilmente qualquer facto que me oriente, e assim, na primeira fase da investigação, dei por mim a considerar com uma ligeira desconfiança o papel que tinha sido representado por Mr. Alec Cunningham.

Fiz então um exame cuidadoso ao canto de papel que o inspector nos tinha mostrado. Logo me pareceu que ele formava parte de um documento muito importante. Aqui está ele. Não notam qualquer coisa muito sugestiva a seu respeito?

- Tem um aspecto muito irregular - observou o coronel.

- Meu caro senhor - exclamou Holmes -, não pode restar a menor dúvida de que foi escrito por duas pessoas, formando palavras alternadas. Quando lhe chamar a atenção para os «T» fortes de «quarto» e «meia-noite» e lhe pedir para os comparar com o de «quanta», reconhecerá imediatamente este facto. Uma breve análise dessas três palavras habilitá-lo-ia a dizer com a máxima confiança que o «verá» e o «pode ser» também são escritos com mão forte; o «quanta» com mão mais fraca.

- Por Júpiter! É claro como o dia - gritou o coronel. - Por que razão esses dois homens haviam de escrever uma carta desse modo tão estranho?

- É evidente que o negócio era sujo e que um dos homens, que desconfiava do outro, estava resolvido, houvesse o que houvesse, a que cada um devia ter nele igual parte. Ora, está claro que aquele dos dois homens que escreveu «quarto» e «meia-noite» era o cabecilha.

- Como chega a essa conclusão?

- Podíamos deduzi-la simplesmente pelo carácter da letra, comparada com a outra.





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