As memórias de Sherlock Holmes - Cap. 7: O Corcunda Pág. 162 / 274

O senhor vê-me agora com umas costas de camelo e com todas as costelas retorcidas. Houve tempo, porém, em que o cabo Henry Wood era o homem mais bem parecido do 117º Regimento de Infantaria. Estávamos então na Índia, acampados num lugar a que chamaremos Bhurtee. Barclay, o que morreu no outro dia, era sargento da mesma companhia. É a beldade do Regimento, sim, a mais linda moça que jamais existiu, era Nancy Devoy, filha do sargento porta-bandeira. Havia dois homens que a amavam; e apenas um que ela amava. O senhor é natural que sorria quando olha para esta pobre criatura diante de si, ao ouvir-me dizer que era por causa da minha bela aparência que ela me amava.

»Ora, embora ela me amasse, seu pai estava resolvido a casá-la com Barclay. Eu era um rapaz estouvado e temerário e ele tinha recebido educação e já estava fadado para uma bela carreira. Mas a jovem mantinha-se-me fiel e parecia que eu é que viria a tê-la, quando rebentou o Mutiny, e todo o país ficou alvoroçado.

»Ficámos cercados em Bhurtee, que era o nosso regimento, com a metade de uma bateria de artilharia, uma companhia de sikhs e uma porção de civis e mulheres. Em torno de nós havia dez mil rebeldes e estavam tão activos como uma matilha de cães terrier ao redor de uma gaiola de ratos. Cerca de uma semana depois, a água acabou-se-nos e não sabíamos se conseguiríamos comunicar com a coluna do general Neill, que se dirigia para a região. Era a nossa única probabilidade, porque não podíamos lutar levando atrás mulheres e crianças. De modo que me apresentei como voluntário para ir avisar o general Neill do perigo que corríamos. O meu oficial aceitou e falei com o sargento Barclay, que era considerado o melhor batedor do terreno e que traçou a rota pela qual eu podia atravessar as linhas rebeldes.