Apesar do tempo quente, ele estava enrolado perto do fogo e o quartinho parecia um forno. O homem estava torcido e amontoado na cadeira, de maneira que me deu uma indescritível impressão de deformidade. Mas o rosto que voltara para nós, embora trigueiro e tisnado, devia ter sido, noutra época, notável pela sua beleza. Agora olhava para nós com olhos amarelos de bílis, e, sem falar ou sem se levantar, indicou duas cadeiras.
- Mr. Henry Wood, recém-chegado da Índia, creio eu? - disse Holmes com afabilidade. - Venho por causa daquela questão da morte do coronel Barclay.
- O que quer que eu saiba a esse respeito?
- É o que precisamos de verificar. Deve saber, suponho, que, a menos que a coisa seja esclarecida, Mrs. Barclay, que é sua amiga, será com toda a probabilidade julgada por homicídio.
O homem apanhou um susto violento.
- Não sei quem é o senhor - exclamou ele -, nem como veio a saber o que sabe. Mas é capaz de jurar que é verdade o que me está a dizer?
- Ora essa, estão apenas à espera de que ela recupere a saúde para a prender.
- Meu Deus! O senhor é da polícia?
- Não.
- Qual é então a sua profissão?
- A tarefa de todo o homem é zelar pela justiça.
- O senhor pode crer na minha palavra de que ela está inocente.
- Então, é o senhor o culpado?
- Não, eu não.
- Quem matou, então, o coronel Barclay?
- Foi a Providência que o matou. Mas saiba que, se lhe tivesse rebentado os miolos, como o desejava, ele não teria tido mais do que aquilo que merecia das minhas mãos. Se a sua própria consciência culpada não o matasse, é muito provável que o seu sangue escorresse sobre a minha alma. Quer que lhe conte a minha história? Não vejo motivo para a não contar, porque não tenho de me envergonhar dela.