As memórias de Sherlock Holmes - Cap. 9: O Intérprete Grego Pág. 191 / 274

- Ora, mas como sabe que é hereditariedade?

- Porque meu irmão Mycroft a possui num grau ainda mais elevado do que eu.

- Isso é, realmente, uma grande novidade para mim. Se existe, na Inglaterra, outro homem com tais dotes, como é que nem a polícia nem o público jamais ouviram falar nele? - Fiz a pergunta de maneira a sugerir que era a modéstia do meu companheiro que o fazia reconhecer o irmão como superior. Holmes sorriu com a sugestão.

- Meu caro Watson - disse ele -, não posso concordar com aqueles que incluem a modéstia no grupo das virtudes. Para o lógico, todas as coisas devem ser vistas exactamente como são. Ora, subestimar-se é afastar-se tanto da realidade como exagerar os dotes pessoais. Portanto, quando lhe afirmo que Mycroft tem melhores dons de observação do que eu, pode estar certo de que digo a verdade exacta e literal.

- Ele é mais novo que você?

- Sete anos mais velho.

- Então por que é que é desconhecido?

- Bem, ele é muito conhecido no seu próprio círculo.

- Qual é?

- No Clube Diógenes, por exemplo.

Jamais ouvira falar de tal instituição e a minha expressão deve ter dito muito mais, porque Holmes tirou o relógio.

- O Clube Diógenes é o mais bizarro de Londres, e Mycroft um dos homens mais estranhos. Está lá sempre desde as cinco menos um quarto até às vinte para as oito. São seis horas agora. Se quiser dar um passeio neste belíssimo entardecer, frearei muito contente por o apresentar a essas duas curiosidades.

Cinco minutos depois estávamos na rua, caminhando na direcção do Regent Circus.

- Você admira-se - disse-me o meu companheiro - de que Mycroft não empregue os seus dotes no trabalho de detective. É que ele é incapaz disso.





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