As memórias de Sherlock Holmes - Cap. 10: O Tratado Naval Pág. 222 / 274

»Nada se perdia em seguir-lhe o conselho. Descemos a rua apressadamente, juntamente com o polícia. Apenas vimos, porém, uma rua cheia de trânsito. Uma multidão ia e vinha, mas todos desejosos apenas de chegar a um sítio familiar naquela noite chuvosa. Ninguém parecia ter estado parado o tempo suficiente para nos dizer quem teria vindo de Charles Street.

»Voltámos então ao escritório e revistámos a escada e o corredor, sem resultado. O piso do corredor é coberto por uma espécie de linóleo em que se nota com muita facilidade qualquer marca deixada. Examinámo-lo com o máximo cuidado, mas não encontrámos qualquer traço revelador.

- Tinha estado sempre a chover?

- Desde as sete.

- Como é que então se explica que a mulher, ao entrar na sala, às nove horas, não tenha deixado qualquer marca das suas botinas enlameadas? - Ainda bem que levanta essa questão. Ocorreu-me na altura. Mas as mulheres da limpeza têm o hábito de tirar as botinas no cubículo do contínuo e calçar uns chinelos.

- Está bem. Não havia portanto qualquer sinal, apesar da noite de chuva! Essa série de acontecimentos é realmente de extraordinário interesse. O que fez em seguida?

- Examinámos também a sala. Não havia possibilidade de uma porta secreta e as janelas estão todas a trinta pés do chão. Além disso, ambas estavam fechadas por dentro. O tapete não permite qualquer possibilidade de existir um alçapão e o tecto é de um vulgar branco de cal. Poderia jurar a pés juntos que quem roubou os meus papéis só podia ter entrado pela porta.

- E a lareira?

- Não há lareira. Há uma estufa. A corda da campainha está presa a um arame mesmo à direita da minha secretária. Para a tocar, é necessário ir mesmo junto da secretária.





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