- E se o documento for encontrado?
- Isso já modificaria sensivelmente as coisas.
- Tinha uma ou duas perguntas que gostaria de lhe fazer, lorde Holdhurst.
- Terei todo o prazer em lhe prestar as declarações que desejar.
- Foi nesta sala que o senhor deu instruções relacionadas com a cópia dos documentos?
- Sim, foi nesta sala.
- Não poderia, por acaso, ter sido ouvido?
- De modo algum.
- Disse a alguém que tencionava mandar copiar o tratado?
- Não, nunca.
- Está absolutamente certo disso?
- Absolutamente.
- Nesse caso, se nem o senhor nem Sr. Phelps falaram do tratado a ninguém, então a presença do ladrão na sala foi puramente acidental. Quer dizer, ele viu a oportunidade e resolveu não a deixar escapar.
O estadista sorriu.
- O senhor está a levar-me para lá das minhas possibilidades.
Holmes pensou um pouco.
- Há outro ponto muito importante que gostaria de discutir - disse por fim. - O senhor receia, segundo creio que, se alguns passos desse tratado se tornarem conhecidos, daí advenham graves consequências.
Uma sombra perpassou pelo semblante expressivo do estadista.
- Sim, com efeito. Consequências muito graves.
- E já ocorreram?
- Ainda não.
- Mas se o tratado tivesse chegado, digamos, ao conhecimento do governo francês, ou do russo, esperaria ouvir alguma coisa sobre isso?
- Sem dúvida alguma - disse lorde Holdhurst, tenso.
- Entretanto, tendo já passado quase dez semanas e continuando o silêncio dos meios oficiais, é lícito concluir que, por uma razão ou outra, o tratado ainda não chegou ao conhecimento deles.
Lorde Holdhurst encolheu os ombros.