- Enfim, parece-me que o senhor lhe fez um interrogatório completo. E que fez mais?
- O escriturário Gorot tem sido seguido durante estas últimas nove semanas, mas nada pudemos apurar contra ele.
- Mais alguma coisa?
- Não. Não temos mais por onde seguir.
- Outra coisa: o senhor formulou alguma hipótese sobre o facto de a campainha ter tocado?
- Não. Sou obrigado a confessar que isso me desnorteia. Seja quem for, era muito temerário, para accionar um alarme daqueles.
- Tem toda a razão. É muito estranho. Bem, obrigado por tudo o que me contou. Se puder colocar o homem nas suas mãos, terá notícias minhas. Vamos, Watson.
- E agora, para onde? - perguntei.
- Vamos entrevistar lorde Holdhurst, o ministro do Gabinete e futuro primeiro-ministro da Inglaterra.
Tivemos sorte em ter ainda encontrado lorde Holdhurst nos seus aposentos de Downing Street. E quando Holmes lhe enviou o seu cartão de visita, mandaram-nos logo entrar. O estadista recebeu-nos com aquela velha cortesia que lhe era peculiar e ofereceu-nos dois luxuosos cadeirões junto da lareira. De pé, entre nós, a figura alta e débil, a fisionomia concentrada e viva e o cabelo louro, prematuramente embranquecido, parecia representar aquele tipo não muito vulgar de um nobre que é realmente nobre.
- O seu nome é-me muito conhecido, Sr. Holmes - disse, sorrindo. - É evidente que não posso pretender ignorar o objectivo da sua visita. Apenas um facto passado nestes escritórios poderia ter despertado a sua atenção. Posso saber em nome de quem está o senhor agindo?
- No de Sr. Phelps - respondeu Holmes.
- Ah! O meu infeliz sobrinho. O senhor deve compreender que o nosso parentesco só serve para lhe dificultar a minha protecção.