Esta narrativa parece ter exercido um extraordinário efeito sobre Sherlock Holmes, que se levantou da cadeira e começou a andar pelo quarto, numa excitação incontrolável.
- Uma desgraça nunca vem só - disse Phelps, sorrindo, embora fosse evidente que a aventura tinha qualquer coisa que o perturbava.
- Pensa já estar em condições de me acompanhar num giro à volta da casa? - perguntou-lhe, por fim, Sherlock Holmes.
- Com certeza. Até gostaria de apanhar um pouco de sol. Joseph virá também.
- E eu também - disse Miss Harrison.
- Receio que não - atalhou Holmes, sacudindo a cabeça. Sou até obrigado a pedir que fique sentada precisamente onde está.
A jovem, com um trejeito de desagrado, regressou à sua cadeira; entretanto o irmão juntava-se a nós e saímos os quatro. Contornámos a relva que se estendia junto da janela do jovem diplomata; havia, na verdade, sinais no canteiro das flores, mas infelizmente apagados e vagos. Holmes curvou-se sobre eles por um instante mas, levantando-se, encolheu os ombros.
- Não creio que se possa concluir muita coisa por aqui. Vamos circundar a casa para ver se descobrimos por que é que foi precisamente esta a janela que o ladrão escolheu. As janelas, maiores, da sala de jantar parecem-me muito mais apropriadas para um assaltante.
- Mas são mais visíveis da estrada - sugeriu Joseph Harrison.
- Sim, é verdade. Mas há aqui uma porta que poderia ter sido forçada. Para que serve?
- É uma entrada de serviço que, como é natural, fica trancada à noite.
- Já sofreram algum outro assalto como este?
- Nunca - respondeu o nosso cliente.