As memórias de Sherlock Holmes - Cap. 2: A Face Amarela Pág. 36 / 274

Aparentava ter cerca de trinta anos, mas na realidade seria uns anos mais velho.

- Perdoem-me – disse, um pouco constrangido. – Penso que deveria ter batido. Sim, claro que deveria ter batido à porta. A verdade é que estou um pouco consternado e peço-lhes para tomarem isso em consideração. – Passou a mão sobre a testa como um homem que está meio confuso, e depois caiu, invés de se sentar, numa cadeira.

- Posso observar que já não dorme há uma ou duas noites – disse Holmes, com a sua simplicidade genial. – E isso afecta os nervos mais do que o trabalho ou até que o prazer. Posso perguntar-lhe de que forma é que o posso ajudar?

- Necessito do seu conselho, sir. Não sei o que fazer e a minha vida inteira parece estar em pedaços.

- Deseja contratar-me como detective consultor?

- Não apenas isso. Eu quero a sua opinião como um homem prudente, como um homem do mundo. Preciso saber o que devo fazer a seguir. E rezo a Deus que o senhor me consiga dizer.

Ele falou em pouco, afiado, explosões bruscas, e parece-me que simplesmente falar era extremamente doloroso para ele.

- É um assunto muito delicado – disse ele. – Ninguém gosta de falar dos seus assuntos íntimos com estranhos. Parece-me terrível discutir o comportamento da própria esposa com dois homens que nunca vi antes. É horrível ter que o fazer. Mas esgotei as minhas forças e preciso de um conselho.

- Meu caro Sr. Grant Munro – começou Holmes.

O nosso convidado saltou da cadeira.

- O quê? – gritou – sabe o meu nome?

- Se quiser preservar o anonimato – disse Holmes, sorrindo – sugiro que deixe de escrever o seu nome por cima do forro do seu chapéu, ou vire-o para si. Estava a dizer que o meu amigo e eu ouvimos um bom número de segredos estranhos aqui, nesta sala, e que tivemos a boa sorte de trazer a paz a muitas almas atormentadas.





Os capítulos deste livro