O Mundo Perdido - Cap. 10: Capítulo 10 Pág. 114 / 286

Quando acabei a minha última carta, estávamos a uma dezena de quilómetros de uma linha interminável de escarpamentos vermelhos que rodeavam, sem margem para dúvidas, o planalto de que falara o Professor Challenger. A sua altura, à medida que nos aproximávamos, pareceu-me por vezes mais importante do que ele tinha dito (trezentos ou quatrocentos metros) e estavam curiosamente estriados, da forma que caracteriza, creio, as elevações basálticas. Podem ver-se algumas nas encostas íngremes de Salisbúria a Edimburgo. O cume mostrava todos os sinais de uma vegetação luxuriante, com arbustos próximo do rebordo e, mais longe, numerosas árvores altas, mas nenhum vestígio de vida animal.

Nessa noite acampámos mesmo no escarpamento: um lugar desolado e selvagem. As paredes não eram exactamente perpendiculares, mas cavadas debaixo do cume; estava fora de causa fazer a sua ascensão. Perto de nós elevava-se o piso rochoso que já mencionei no meu relato. Dir-se-ia um acrotério vermelho, cuja ponta chegava à altura do planalto, mas entre eles estendia-se um abismo profundo. No cume erguia-se uma árvore enorme. A altura do pico e do escarpamento era relativamente baixa: pouco mais ou menos 180 metros.

- Era ali - disse o Professor Challenger apontando a árvore que estava empoleirado o meu pterodáctilo. Eu tinha escalado a metade do pico rochoso antes de disparar sobre ele, Acho que um bom alpinista no meu género poderia trepar até acima, mas não ficaria mais avançado para se aproximar do planalto.

Quando Challenger falou do «seu» pterodáctilo, lancei uma olhadela ao Professor Summerlee e, pela primeira vez, ele pareceu-me reflectir um misto de aquiescência e de arrependimento.





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