O Mundo Perdido - Cap. 13: Capítulo 13 Pág. 183 / 286

Definitivamente válido? Se Summerlee ganhasse a batalha e se fosse encontrado um meio de descer, retornaríamos a Londres com um conhecimento directo de todos os mistérios do centro do planalto onde só eu, único entre os homens, teria penetrado. Pensava em Gladys e na sua frase: «Em nosso redor, heroísmos convidam-nos.» Parecia-me ainda ouvi-la. Pensava também em McArdle. Que magníficas «três colunas» no jornal! Que arranque para a minha carreira! Certamente no próximo conflito eu seria designado correspondente de guerra! Peguei numa espingarda, as minhas algibeiras estavam cheias de cartuchos, afastei as moitas espinhosas na porta do nosso refúgio e achei-me no exterior. O meu último olhar para o interior provou-me que Summerlee era o mais distraído dos sentinelas, oscilava mecanicamente a cabeça por cima da fogueira, numa total inconsciência.

Não tinha ainda ido além de uma centena de metros e logo comecei a arrepender-me da audácia. Creio que já o disse: sou demasiado imaginativo para ser, de facto, corajoso. Mas, por outro lado, o que mais receio é parecer ter medo. Foi esta a força que me levou a ir por diante apesar de tudo. Já não podia regressar ao acampamento sem trazer resultados. Mesmo que os meus camaradas ignorassem tudo das minhas fraquezas, a minha alma ficaria sempre denegrida pela lembrança intolerável de uma cobardia. Estas reflexões não me impediam de estremecer, dada a posição em que me colocara: teria de boa vontade oferecido tudo quanto possuía em troca de haver já completado a tarefa.





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