O Mundo Perdido - Cap. 4: Capítulo 4 Pág. 21 / 286

A esperança ou o receio do meu amigo não devia realizar-se. Quando fui visitá-lo na quarta-feira havia uma carta timbrada de West Kensington; no sobrescrito o meu nome estava rabiscado por uma escrita que parecia uma rede de arame farpado. Abria e li-a em voz alta a Tarp Henry.

Senhor,

Acabo de receber a sua carta na qual afirma subscrever os meus pontos de vista. Fique desde já a saber que eles não dependem de qualquer aprovação, sua ou seja de quem for. Aventurou a palavra «especulação» para qualificar a minha declaração acerca do darwinismo, e gostava de chamar a sua atenção para o facto de que uma tal palavra num tal assunto é ofensiva até certo ponto. O contexto, no entanto, convence-me de que pecou mais por ignorância e falta de tacto do que por malícia e, por isso, não me ofenderei. Cita uma frase isolada da minha conferência e parece que sente dificuldade em compreendê-la. Julgava que apenas uma inteligência inferior à média poderia sentir dificuldade em captar-lhe o sentido mas se, realmente ela necessita de desenvolvimento consentirei em recebê-lo à hora indica da, embora deteste cordialmente as visitas e os visitantes de toda a espécie. Quanto à sua hipótese de eu poder modificar a minha opinião, saiba que não tenho o hábito de fazê-lo quando exprimi deliberadamente ideias amadurecidas. Queira mostrar este sobrescrito ao meu criado Austin quando chegar, porque ele tem por missão proteger-me contra esses canalhas indiscretos que se chamam "jornalistas».

o seu dedicado
George Edward Challenger





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