De toda a parte, homens, mulheres e crianças puseram-se então a correr loucamente em busca de abrigo: desciam escadas e atiravam-se para dentro das cavernas, totalmente tomados de pânico.
Víamo-los agitar os braços nos rochedos na parte de cima e fazer-nos sinais para que nos juntássemos a eles no refúgio. Nós tínhamos, pelo contrário, empunhado as espingardas e saímos para saber que perigo se tratava. Bruscamente, da orla próxima das árvores, escaparam-se doze ou quinze índios; corriam e fugiam tão depressa que era aparentemente para eles uma questão de vida ou de morte. Mesmo atrás avançavam dois dos monstros que haviam tentado forçar o nosso acampamento e me haviam perseguido durante a exploração solitária. Tinham o aspecto de sapos horríveis e progrediam aos saltos, mas o seu tamanho ultrapassava o dos elefantes mais formidáveis. Nunca os tínhamos visto em pleno dia; de facto são nocturnos, que apenas saem dos antros quando são incomodados, o que era o caso. Contemplávamo-los com espanto, porque a pele pustulenta e mosqueada possuía a iridescência dos peixes e a luz do sol projectava sobre ela, quando se deslocavam, o deslumbramento de um arco-íris.
Não dispusemos, porém de muito tempo para admirá-los porque num minuto eles tinham apanhado os fugitivos; foi uma verdadeira carnificina. O seu método de assalto consistia em cair sobre as presas e esmagá-las uma a uma com todo o seu peso. Os desgraçados índios berravam de terror, mas eram impotentes, por mais rápidos que fossem, contra a agilidade infatigável daqueles animais monstruosos.