Capítulo 16: Capítulo 16
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Antes do meu camarada e eu termos tempo de intervir, já só havia uma meia dúzia de índios com vida. Mas o nosso socorro era fraco; na verdade expôs-nos ao mesmo perigo. A duzentos metros esvaziámos os carregadores e as nossas balas penetraram nos animais mas sem mais efeito do que se lhes tivéssemos feito cócegas com leques. A sua natureza reptilínea não se preocupava absolutamente nada com ferimentos: nenhuma arma moderna podia atingir-lhes os nós vitais, que não se achavam reunidos em nenhum centro' o cordão medular, que era, de algum modo, o receptáculo das suas fontes de vida, espalhava-se através de todo o organismo. O único resultado foi desviarmos a atenção deles com os tiros, o que permitiu aos indígenas e a nós próprios alcançar os degraus que nos punham em segurança. Mas onde as balas explosivas do nosso século XX nada podiam, as setas envenenadas dos indígenas embebidas no suco de estrofantos e mergulhadas em seguida em porcaria putrefacta, triunfaram. Tais setas eram ineficazes na mão do caçador, pois a sua acção nesta circulação ao retardador era lenta, antes que o seu poder fizesse efeito, o animal teve tempo de sobra para abater o caçador. Mas agora era outra coisa: os dois monstros saltaram para as escadas; de todo o escarpamento assobiou uma chuva de setas na sua direcção; em menos de alguns segundos ficaram picados como chouriços; encarniçaram-se, apesar disso, a agadanhar e a morder os degraus que conduziam às suas presas. Perante a inutilidade dos esforços, deslocaram-se pesadamente e, depois, estatelaram-se no solo: o veneno fazia, enfim, o seu efeito.
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