O Mundo Perdido - Cap. 16: Capítulo 16 Pág. 248 / 286
meio peixe, com olhos mal proporcionados de cada lado do focinho, e um terceiro olho empoleirado no cocuruto da cabeça) se embaraçou numa rede índia e quase fez virar a nossa canoa antes de podermos reboca-lo até à margem; quando, numa outra noite, uma grande serpente marinha saiu dos juncos e levou nos seus anéis o timoneiro da canoa de Challenger. Falarei igualmente daquela grande coisa branca nocturna (até aqui ignoramos se é um mamífero ou um réptil) que vivia num horrendo pântano a leste do lago e que se passeava aureolada por um brilho fracamente fosforescente no seio da obscuridade. Os índios sentiam tanto medo que nunca se acercavam daquele pântano. Quanto a nós arriscámo-nos a duas expedições e avistámo-lo das duas vezes, mas atascávamo-nos e não conseguíamos avançar. Tudo o que posso dizer é que nos pareceu maior do que uma vaca e que espalhava um estranho odor a almíscar. Evocarei ainda a enorme ave que atacou Challenger, o qual teve de procurar refúgio numa caverna: uma ave corredora, muito maior do que uma avestruz, provida de um pescoço de abutre e de uma cabeça tao cruel que dir-se-ia a morte ambulante. Enquanto Challenger efectuava a sua retirada para os rochedos, uma bicada arrancou-lhe o tacão da bota como se tivesse sido cortado por uma faca. Nesta ocasião, pelo menos, as armas modernas revelaram-se eficazes, e o animal enorme que media quatro metros da cabeça às patas (o nosso professor, ofegante mas muito excitado, baptizou-o fororacos) foi abatido pela espingarda de Lorde John; caiu num dilúvio de penas e de