O Mundo Perdido - Cap. 4: Capítulo 4 Pág. 28 / 286

- Um instante, senhor! - disse eu, afastando-me na direcção da porta e entreabrindo-a - Pode ser tão grosseiro quanto lhe aprouver. Mas, apesar de tudo, existem limites: o senhor não me tocará!

- Ah, não lhe tocarei?

Avançava para mim de uma maneira completamente ameaçadora mas deteve-se bruscamente e meteu as mãos grossas nas algibeiras laterais de um curto casaco de criança. Prosseguiu:

- Já pus à porta desta casa vários de vocês. Seria o quarto ou o quinto. Três libras e quinze xelins cada um, eis o que me custaram em média. Claro, mas indispensável! Nestas condições, senhor, porque não levaria o mesmo tratamento dos seus confrades? Parece-me, pelo contrário, que o merece...

Voltou a arrancar na minha direcção; tinha um modo de caminhar, levantando os dedos grandes do pé, que o aparentava ao de um mestre de dança.

Teria podido raspar-me, e correr para a porta do vestíbulo, mas sentiria vergonha! Além disso, uma cólera justa começara a incendiar-se dentro de mim. Até aqui tinha-me sentido no campo errado; as ameaças de Challenger devolveram-me a razão.

- Recomendo-lhe que não me toque, senhor! Não o admitiria...

- Meu Deus! - exclamou ele erguendo o bigode que descobriu uma presa branca pronta a morder. - Não o admitiria, eh?

- Não se arme em parvo, professor! - exclamei. - Com o que é que está a contar? Peso cem quilos e cada quilo é tão duro como uma pedra; jogo a três-quartos todos os sábados nos Irlandeses de Londres, não sou homem para...

Foi neste instante que se atirou a mim.





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