Pensara que Sherlock Holmes se teria precipitado logo para dentro da casa e começaria a examinar o mistério. Isso estava muito longe das suas intenções. Com um ar de indiferença que, nestas circunstâncias, me pareceu quase afectação, subia e descia indolentemente o passeio e olhava para o chão, para o céu, para as casas em frente e para a linha das vedações com uma expressão vaga. Depois de ter terminado o exame minucioso, seguiu lentamente pelo carreiro abaixo, ou melhor, pela guarnição de relva que orlava o carreiro, sem tirar os olhos do chão. Parou duas vezes, vi-o sorrir uma vez e ouviu-o soltar uma exclamação de satisfação. Havia muitas pegadas na terra molhada e argilosa, mas como o polícia andara num vaivém, não fui capaz de perceber como o meu companheiro podia esperar descobrir alguma coisa nela. Mesmo assim, tinha tido uma prova extraordinária da rapidez das suas faculdades perceptivas e tinha a certeza de que ele seria capaz de ver muita coisa que não estava ao meu alcance.
À porta de casa estava à nossa espera um homem alto, pálido, loiro como uma estriga de linho, com um bloco de apontamentos na mão, que se precipitou para a frente e apertou com efusão a mão do meu companheiro.
- Foi muito amável em ter vindo - disse ele. - Não se tocou em nada.
- Excepto aquilo! - respondeu o meu amigo, apontando para o carreiro. - Se tivesse passado além uma manada de búfalos, talvez não houvesse tal confusão.