Um Estudo em Escarlate - Cap. 5: 5 - O Nosso Anúncio Traz um Visitante Pág. 45 / 127

Todavia ninguém saiu. Quando cheguei perto dele, tacteava freneticamente dentro do cabriolé vazio e dava livre expressão à série de pragas mais engraçada e variada que já ouvi. Não havia quaisquer vestígios da passageira e receio que vá levar algum tempo até receber a importância do frete. Depois de nos informarmos no n.º 13, verificámos que a casa pertencia a um forrador respeitável, chamado Keswick e que ninguém ouvira falar no nome de Sawyer nem no Dennis.

- Não quer dizer - gritei estupefacto -, que aquela velha trémula e débil foi capaz de saltar do cabriolé em movimento sem que você ou o cocheiro a vissem?

- Diabos levem a velha! - disse Sherlock Holmes, bruscamente. - Nós é que fomos as velhas para sermos assim enganados. Devia ser um jovem, e activo também, para além de ser um actor incomparável. O plano era inimitável. Percebeu que era seguido, seguramente, e serviu-se destes meios para me evitar. Isto mostra que o homem que procuramos não está tão só como eu imaginava, mas tem amigos que estão prontos a arriscarem-se por causa dele. Então, doutor, está com um ar cansado. Aceite o meu conselho e vá-se deitar.

Sentia-me de facto muito fatigado, portanto obedeci à sua injunção. Deixei Holmes sentado em frente da lareira, que ardia a fogo lento; durante as horas de vigília ouvi os lamentos fracos e melancólicos do violino e compreendi que ele ainda estava a meditar sobre o estranho problema que se propusera resolver.