Um Estudo em Escarlate - Cap. 8: Segunda Parte: 1 - Na Imensa Planície de Alcali Pág. 68 / 127

- Coisas bonitas! Coisas lindas! - gritou a miúda, entusiasticamente, mostrando dois fragmentos reluzentes de mica. - Quando regressarmos a casa vou dá-las ao meu irmão Bob.

- Em breve verás coisas mais bonitas do que essas disse o homem, com confiança. - Espera um pouco. Todavia, ia contar-te... lembras-te quando deixámos o rio?

- Oh, sim!

- Bem, pensávamos que íamos atingir outro rio passado pouco tempo, percebes. Mas algo de errado aconteceu; as bússolas, o mapa ou qualquer coisa, enganaram-nos e o rio não apareceu. A água esgotou-se. Apenas umas poucas gotas para as pessoas especiais como tu e... e...

- E tu não te pudeste lavar - interrompeu a companheira com um ar sério, olhando fixamente para o seu rosto sujo.

- Não, nem beber. E o Sr. Bender foi o primeiro a morrer; a seguir o Pete, o índio, depois a Sr. a McGregor, depois Johnny Hones e depois, minha querida, a tua mãe.

- Então, a mãe também morreu... - disse a miúda, deixando cair a cabeça no bibe e chorando amargamente.

- Sim, morreram todos, excepto tu e eu. Pensei então que talvez houvesse água nesta direcção; assim, levantei-te e pus-te sobre os meus ombros e percorremos longas distâncias a pé. Não parece que tenhamos feito progressos. Agora, temos poucas possibilidades!

- Queres dizer que também vamos morrer? - perguntou a criança, reprimindo os soluços e erguendo o rosto marcado pelas lágrimas.

- Acho que é mais ou menos isso.

- Por que não disseste isso antes? - disse ela, rindo, cheia de contentamento. - Pregaste-me um destes sustos. Porque, claro, agora se morrermos voltaremos a estar com a mãe.

- Sim, estarás, minha querida.

- E tu também. Contar-lhe-ei como tens sido bom para mim. Aposto que vem ter connosco à porta do Céu com um grande jarro de água e muitos bolos de trigo-mouro, quentes e torrados dos dois lados, como o Bob e eu gostávamos. Quando será?