Um Estudo em Escarlate - Cap. 1: Primeira Parte: 1 - O Sr. Sherlock Holmes Pág. 7 / 127

Verificara que a mistura resultante tem o aspecto da água pura. A proporção de sangue não pode exceder um para um milhão. Todavia, não tenho nenhuma dúvida de que poderemos obter a reacção característica. - Enquanto falava, deitou alguns cristais brancos no recipiente, depois juntou algumas gotas de um líquido transparente. Num instante o conteúdo tomou uma cor mogno-opalescente, e no fundo do vaso de vidro ficou depositado um pó acastanhado.

- Há! Há! - gritou ele, batendo palmas, e parecendo tão contente como uma criança com um brinquedo novo. - Que me diz a isto?

- Parece ser uma experiência muito delicada - comentei.

- Bonito! Bonito! O velho teste guaiaco era muito rudimentar e incerto. O mesmo se passa com o exame microscópico para corpúsculos sanguíneos. Este último não tem valor se as manchas já tiverem algumas horas. Porém, isto parece actuar tão bem com sangue antigo como com novo. Tivesse este teste sido descoberto, e centenas de homens que percorrem agora a Terra teriam sofrido há muito o castigo pelos seus crimes.

- Deveras! - murmurei.

- Casos de crime estão continuamente dependentes desse único ponto. Um homem é suspeito de ter cometido um crime talvez meses depois de ter sido perpetrado. As roupas são examinadas e descobrem-se nelas manchas acastanhadas. São manchas de sangue, manchas de lama, manchas de ferrugem ou nódoas de fruta, ou que e que são? Esta é uma questão que desorientou muitos peritos, e porquê? Porque não existia nenhum teste seguro. Agora temos o teste de Sherlock Holmes, e não haverá mais problemas.

Os seus olhos brilhavam muito enquanto falava; pôs a mão sobre o coração e curvou-se como se o fizesse para uma multidão aplaudindo, conjuro da sua imaginação.

- Tem de ser felicitado - comentei, muito surpreendido com o seu entusiasmo.

- Houve o caso de Von Bischoff em Francoforte no ano passado. Teria sido enforcado de certeza se existisse este teste.