Eurico, o Presbítero - Cap. 14: Capítulo 14 Pág. 112 / 186

— Nem as promessas, nem os tormentos puderam tirar de suas bocas o teu nome e a tua jerarquia. Mas jura-me que és a irmã de Pelágio, e ele poderá esquivar, se quiseres, o seu tremendo destino.

— Fora inútil negar o que eu própria confessei. O meu nome é Hermengarda: o duque de Cantábria, Fávila, foi meu pai, e Pelágio é o filho e sucessor de Fávila.

O amir ficou alguns momentos calado com o braço de Hermengarda preso na mão robusta que ela sentia trémula com o tumultuar dos afectos que agitavam o coração do árabe. Este, por fim, exclamou:

— Pelo precursor do santo profeta: por Issa, Hermengarda, que, se amas teu irmão, me digas: «Eu serei tua.» Estas palavras o farão senhor da mais rica província do Andaluz, daquela que ele escolher para reinar como amir: os guerreiros que o seguem serão os vális das suas cidades, os caides dos seus castelos; dos meus tesouros metade será dele. As escravas que muito hei amado não mais verão sorrir-lhes o rosto de seu senhor. Tu serás rainha do meu coração; rainha sem rival; senhora de tudo sobre quanto se estende o poder de Abdulaziz, do filho querido do invencível Musa. Profere só essas palavras, e a sorte de Pelágio será invejada pelos nossos mais ilustres guerreiros!...

No gesto do agareno todos os vestígios da cólera tinham desaparecido: só nele se lia a ansiedade de um amor imenso, que precisa, mais que do gozo brutal, de um sentimento acorde com os próprios sentimentos.





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