Eurico, o Presbítero - Cap. 12: Capítulo 12 Pág. 77 / 186

Dentro em breve, o exército do Islame chegara a tão curta distância que facilmente se distinguiam os esquadrões dos filhos do deserto e as turmas dos bereberes. Também os árabes tinham observado o reluzir das armas através das ameias do mosteiro. A hoste inteira parou no vale, e alguns cavaleiros encaminharam-se pela senda tortuosa que findava na ponte levadiça contígua ao grande portal, erguida desde que pelos fugitivos constara que os muçulmanos se avizinhavam.

Quando o quingentário conheceu que os árabes paravam no fundo do vale, o seu coração generoso verteu sangue com a lembrança de que todo o esforço dos soldados que coroavam os adarves do mosteiro, por muito que houvera sido, não fora bastante para salvar os desgraçados que tinham buscado abrigo à sombra daquelas muralhas. Viu o desalento pintado nos semblantes dos mais valorosos, e a última esperança varreu-se-lhe da alma. Todavia, esperou com rosto seguro a chegada dos cavaleiros que subiam a encosta.

Estes aproximaram-se, enfim. Pelo seu aspecto e trajo via-se que na maior parte eram godos. Com as espadas nas bainhas, pareciam vir em som de paz: também, por isso, nem uma frecha só se disparou contra eles dos muros.

Pouco antes de chegarem ao fosso profundo que circundava o edifício, um cavaleiro que parecia o principal daquele pequeno esquadrão, adiantando-se aos demais, veio topar com a entrada da ponte e, olhando para as muralhas, onde reluziam imóveis as lanças dos cristãos, chamou:

— Atanagildo!

Ao ouvir aquela voz, o quingentário empalideceu: com visível ansiedade, voltou-se para um centenário que estava junto dele e disse-lhe:





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