16 de Maio. - Durante toda a noite fez uma enorme ventania, e o casco, pareceu-me, estava muito mais escangalhado; mas detive-me tanto tempo no bosque, a caçar pombos, que a maré me impediu de lá ir.
17 de Maio. - Tendo avistado alguns destroços que haviam sido arremessados para terra até à distância de cerca de duas milhas fui ver de que se tratava: verifiquei que era uma peça da proa demasiadamente pesada para poder ser transportada.
24 de Maio. - Durante todos os dias que precederam este, trabalhei no buque, e manejei tão perfeitamente a alavanca que, na primeira preia-mar, vi flutuar tonéis e duas arcas de marinheiro. Infelizmente, o vento soprava de terra; de modo que nada chegou neste dia à praia, a não ser alguns bocados de madeira e um grande barril de toucinho do Brasil, completamente estragado pela água salgada e pela areia.
Até 15 de Junho continuei no mesmo trabalho, reservando-me o tempo necessário para ir buscar alimentos. Este cuidado ocupava-me durante a preia-mar, a fim de estar pronto a partir no momento de se iniciar a baixa-mar. Tinha assim reunido aduelas, tábuas e ferro suficiente para construir uma lancha, se o soubesse fazer; também havia tirado em muitas viagens, e quase pedaço a pedaço, cem libras de chumbo.
16 de Junho. - Desci à praia e encontrei uma grande tartaruga. Era a primeira que vira na ilha; mas deve atribuir-se isto mais a má sorte minha do que a serem elas raras naquela costa, pois depressa percebi que me teria bastado ir ao outro lado da dita costa para as encontrar aos centos todos os dias; talvez, no entanto, me tivessem custado demasiado caras.
17 de Junho. - Levei todo o dia a cozer a tartaruga.
Dentro dela encontrei sessenta ovos; a sua carne pareceu-me naquele momento a mais saborosa e delicada que alguma vez comera na vida, porque desde a minha chegada àquela horrível terra tinha-me visto reduzido à carne de cabra, de lama, ou de aves silvestres.
