O Vil Metal - Cap. 9: Capítulo 9 Pág. 160 / 257

Acima de tudo, evidentemente, a nota de cinco libras para a irmã. Fora praticamente a primeira coisa em que pensara, quando recebera o cheque. Independentemente do destino que atribuísse ao dinheiro, ela receberia metade. Tratava-se de uma medida da maior justiça, atendendo às numerosas vezes que contara com os seus «empréstimos» ao longo dos anos. Durante toda a manhã, o pensamento de Júlia e do dinheiro que lhe devia acudira-lhe à mente com insistência. Constituía, porém, um pensamento vagamente desagradável. Esquecia-se disso por cerca de meia hora, planeava uma dezena de maneiras de gastar as suas dez libras até ao último péni e, de repente, voltava a lembrar-se da irmã Júlia, sempre pronta a ajudá-lo.

Receberia a parte que lhe competia. Uma nota de cinco libras, pelo menos. Mesmo assim não correspondiam nem à décima parte do que lhe devia. Pela vigésima vez, com ligeiro mal-estar, registou o pensamento no espírito: cinco libras para Júlia.

No banco, não se verificou qualquer problema.

Gordon não tinha conta no estabelecimento, todavia o pessoal conhecia-o bem, pois Mr. McKechnie era cliente de I e Gordon apresentara cheques assinados pelo patrão. Houve apenas uma breve pausa para consulta com um superior e o funcionário reapareceu, sorridente.

- Notas, Mr. Comstock?

- Uma de cinco libras e o resto de uma, por favor. As irresistíveis notas deslizaram por baixo da divisória metálica do tampo do balcão, após as quais o funcionário impeliu uma pequena pilha de meias coroas e pence. Com simulada indiferença, Gordon guardou as moedas na algibeira sem as contar. Eram uma espécie de gorjeta, pois esperara receber dez libras exactas pelos cinquenta dólares. O câmbio devia ter sofrido alteração desde a última vez que o consultara. No entanto, dobrou a nota de cinco meticulosamente e introduziu-a no sobrescrito americano. Essa destinava-se a Júlia. Era sacrossanta. Enviar-lha-ia imediatamente.





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