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Capítulo 9: Capítulo 9

Página 161

Decidiu não jantar na pensão. Para quê tragar carne dura na aspidistral sala, quando tinha dez libras na algibeira -ou, mais correctamente, cinco? (De vez em quando, esquecia-se de que metade do dinheiro se destinava a Júlia.) Para já, contudo, não se preocupou em enviar-lhe a nota. À noite, iria muito a tempo. De resto, desfrutava coma sensação da sua permanência na algibeira. Era curioso como se sentia diferente com todo aquele' dinheiro em seu poder. Não apenas opulento, mas seguro de si, revivido, renascido. Considerava-se uma pessoa totalmente distinta da da véspera.

E tinha a certeza de que o era de facto. Deixara de ser o obscuro miserável que fazia chá clandestinamente na lamparina de petróleo do quarto de Willowbed Road, 31, para se tornar em Gordon Comstock, poeta, famoso em ambos os lados do Atlântico. Publicações: Ratos (1932) e Prazeres Londrinos (1935). Agora, pensava em Prazeres Londrinos com confiança absoluta. Dentro de três meses, veria a luz do dia. Em papel de luxo e sobrecapa. Não havia nada de que se não sentisse capaz, agora que a roda da Fortuna invertera o seu movimento.

Entrou no Príncipe de Gales para comer qualquer coisa. Uma dose de' borrego assado com legumes, um xelim e dois pence, uma caneca de cerveja, nove pence, e um maço de GoldFieke, um xelim. Mesmo após essa extravagância, ainda lhe restavam mais de dez libras... ou antes, mais de cinco. Animado pela cerveja, conservou-se sentado a meditar no que se• pode fazer com cinco libras. Um fato novo, um fim-de-semana no campo, uma deslocação de vinte e quatro horas a Paris, dez jantares em restaurantes do Soho. Nesse ponto das cogitações, ocorreu-lhe que ele, Rosemary e Ravelston tinham de jantar juntos naquela noite. Só para comemorar a réstia de sorte que o visitara. Na realidade, nem todos os dias nos caem dez libras - cinco - do céu aos trambolhões. A perspectiva dos três juntos, com boa comida, vinho e dinheiro à discrição, apoderou-se dele de uma forma irresistível. Acudia-lhe apenas uma ponta de prudência. Não devia gastar todo o dinheiro, obviamente.

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Capa do livro O Vil Metal
Páginas: 257
Página atual: 161

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 2
Capítulo 3 22
Capítulo 4 38
Capítulo 5 66
Capítulo 6 85
Capítulo 7 109
Capítulo 8 129
Capítulo 9 159
Capítulo 10 185
Capítulo 11 212
Capítulo 12 231
Capítulo 13 251