Os Comstock, como Gordon os conhecia, constituíam uma família peculiarmente sensaborona, andrajosa, morta-viva e destituída de afecto. Careciam de vitalidade numa extensão que resultava surpreendente, sem dúvida obra do avozinho Comstock. Quando ele faleceu, todos os filhos eram adultos e alguns até já tinham atingido a meia-idade, e ele' há muito que conseguira esmagar-lhes qualquer espírito de iniciativa que porventura tivessem possuído. Caíra-lhes em cima como um cilindro na terra Solta da estrada: em construção, e não subsistia a menor possibilidade de as suas esmagadas personalidades voltarem a expandir-se. Converteram-se todos em pessoas apáticas, timoratas, destituídas de êxito na vida. Nenhum dos rapazes tinha uma profissão concreta, porque o avozinho Comstock desenvolvera esforços porfiados para os canalizar para actividades para as quais não possuíam a mínima inclinação. Somente um deles - John, pai de Gordon - o desafiara ao ponto de contrair matrimónio durante a vida dele. Era impossível imaginar qualquer deles deixar vincada a sua passagem pelo mundo' ou criar o que quer que fosse, destruir, ser feliz ou vividamente infeliz, plenamente vivo ou mesmo capaz de obter um rendimento decente. Limitavam-se a vaguear numa atmosfera de insucesso semicortês. Constituíam uma daquelas famílias deprimentes, tão comuns entre as classes médias-médias, em que nunca acontece nada.
Os pais de Gordon tinham-no deprimido horrivelmente desde a infância. Em criança, ainda havia um elevado número de tios e' tias vivos, todos mais ou menos iguais - grisalhos, andrajosos, desprovidos de alegria, de saúde cronicamente abalada e sempre flagelados por preocupações de dinheiro que desfilavam sem