nunca atingirem a sensacional explosão da bancarrota. Já então se revelava notório que haviam perdido todo o impulso para se reproduzirem. As pessoas realmente vitais, tenham ou não dinheiro, multiplicam-se de uma forma quase tão automática como os animais. O avozinho Comstock, por exemplo, pertencente a uma ninhada de' doze, produzira onze descendentes. No entanto, estes tinham originado, no seu conjunto, apenas dois - Gordon e a irmã, Júlia -, os quais, em 1934, ainda não haviam contribuído para aumentar a população mundial. Gordon, último dos Comstock, nascera em 1905, sem intenção, e desde então, em trinta longuíssimos anos, não ocorrera um único nascimento na família, apenas mortes.
E não só no tocante ao casamento e reprodução, mas em todas as maneiras possíveis, nunca acontecia nada na família Comstock. Pareciam todos condenados, como que por uma maldição, a uma existência apagada, miserável, do tipo de um buraco ao canto. Nenhum deles fazia jamais coisa alguma. Eram do género de pessoas que em todas as actividades concebíveis, mesmo que se trate apenas de subir para um autocarro, se vêem afastadas automaticamente do coração das coisas. Todos eles se revelavam, evidentemente, patetas irreversíveis a respeito do dinheiro. O avozinho Comstock dividira finalmente as suas economias por eles em partes mais ou menos iguais, pelo que cada um recebera, após a venda da mansão de tijolos vermelhos, cerca de cinco mil libras. E mal o avozinho Comstock desceu à sepultura, começaram a esbanjar a herança. Nenhum deles possuía coragem para a perder de maneiras sensacionais como esbanjá-la com mulheres ou nas corridas de cavalos; limitaram-se a deixar o dinheiro escorrer entre os dedos - as mulheres em investimentos insensatos e os homens em modestas aventuras de, negócios que abortaram um ou dois anos mais tarde, com prejuízos substanciais. Mais de metade deles exalou o último suspiro solteiro. Algumas das mulheres chegaram a contrair casamentos de meia-idade assaz indesejáveis, após a
