- Quer fumar? - pergunta-se com naturalidade a alguém.
- Bem... obrigado.
Puxa-se do maço, abre-se e revela-se surpresa.
- Abóbora! É o último. Quase juraria que estava cheio.
- Não o vou privar do último - replica o outro. Fume um dos meus.
- Bem... obrigado.
É claro que, depois disto, o' anfitrião e a anfitriã insistem em oferecer cigarros ao «desmemoriado» convidado. No entanto, aceita-se só um, por uma questão de amor-próprio.
Vivamente, o vento ameaçador varre... Terminaria o poema em breve. Conclui-lo-ia quando lhe apetecesse. Era curioso como a simples perspectiva de comparecer numa recepção literária bastava para o animar. Quando o rendimento se resume as duas libras semanais, não se é assolado por demasiado contacto humano. O mero facto de ver o interior da casa de outrem constitui uma espécie de regalo. Uma poltrona estofada sob a parte inferior das costas, chá, cigarros e o odor de mulheres - uma pessoa: habitua-se a apreciar essas coisas, quando tem fome delas. Na prática, porém, as recepções de Dorinq nunca se pareciam nada com aquilo que Gordon esperava. As conversas maravilhosas, espirituais e eruditas que imaginava com antecedência jamais aconteciam nem prometiam acontecer. Na realidade, nunca havia nada a que se pudesse chamar apropriadamente conversa - apenas o estúpido cacarejar que se desenrola nas reuniões em toda a parte: Hampstead ou Hong-Kong. Ninguém que merecesse verdadeiramente a pena conhecer comparecia às recepções de Doring.