As memórias de Sherlock Holmes - Cap. 4: A Tragédia do Glória Scott Pág. 92 / 274

E fê-lo mesmo antes que dessem por isso. Comprou dois dos carcereiros e a cumplicidade do segundo-piloto, e compraria o próprio capitão se julgasse que valia a pena.'

- O que devemos fazer então?'- perguntei.

'- O que lhe parece?' - respondeu. '- Faremos as costas de alguns desses soldados mais vermelhas do que as que fez o alfaiate".

'- Mas eles estão armados' - objectei.

'- E nós também estaremos, meu rapaz. Há braçadas de pistolas para cada filho da nossa mãe. E se não pudermos carregar este navio com a tripulação às costas, é melhor voltarmos para a escola primária. Fale ao seu companheiro da esquerda à noite e veja se merece confiança.'

Assim fiz, e descobri que o meu outro vizinho era um jovem na mesma situação que eu, cujo crime tinha sido de falsificação. O seu nome era Evans, mas depois mudou-o, como eu, e agora é um homem rico e próspero no Sul da Inglaterra. Foi muito pronto em unir-se à conspiração, como único meio de salvação. E antes da travessia da baía havia apenas dois prisioneiros que não possuíam o segredo. Um deles era fraco e demente, pelo que não confiámos nele, e o outro estava com icterícia, não tendo nenhuma utilidade.

Desde o princípio não havia realmente nada que nos impedisse de tomar posse do navio. A tripulação era um grupo de rufiões escolhidos especialmente para a tarefa. O capelão simulado entrava nas nossas celas para nos exortar, carregando uma pasta preta que se supunha cheia de tratados; e veio tantas vezes que no terceiro dia já cada um de nós tinha arrumado aos pés da cama uma lima, uma braçada de pistolas, uma libra de pólvora e vinte balotes. Dois dos carcereiros eram agentes de Prendergast, e o segundo-piloto, o seu braço direito.





Os capítulos deste livro