O Mundo Perdido - Cap. 8: Capítulo 8 Pág. 85 / 286

Entre outras particularidades menores notemos que é perfeitamente indiferente ao seu aspecto exterior, não muito cuidadoso com a sua pessoa, excessivamente distraído nos seus hábitos e dado a uma rápida cachimbadela de urze que mal lhe sai da boca. Na juventude participou em várias expedições científicas (designadamente com Robertson, na Papuásia) e a vida no campo e canoagem são para ele coisas familiares.

Lorde John Roxton possui alguns pontos em comum com o Professor Summerlee, mas noutros eles opõem-se o mais possível Tem vinte anos a menos do que ele, mas apresenta o mesmo físico seco e descarnado. Não volto ao seu aspecto exterior que descrevi creio, na parte da narrativa que deixei em Londres. É muito elegante: um pouco exagerado; veste sempre com o maior cuidado fatos de cotim branco; usa botas castanhas leves; barbeia-se pelo menos uma vez por dia. Como a maior parte dos homens de acção, fala laconicamente e encerra-se muitas vezes nos seus pensamentos' mas está sempre pronto a responder a uma pergunta ou a participa; numa conversa com um modo semi-humorístico que só a ele pertence.

O seu conhecimento do mundo, e sobretudo da América do Sul, é prodigioso. Acredita firmemente nas possibilidades da nossa viagem e a sua fé não fica de modo algum abalada pelas risadas do Professor Summerlee. A sua voz é suave; mostra-se tranquilo, embora por detrás dos olhos azuis cintilantes se ocultem espantosas capacidades de cólera furiosa e de vontade implacável (tanto, mais temíveis quanto ele as subjuga). Fala pouco das suas próprias proezas no Brasil e no Peru, mas foi uma verdadeira revelação para mim descobrir a agitação que a sua presença provocou entre -os indígenas ribeirinhos: estes consideravam-no como o seu campeão, o seu protector.





Os capítulos deste livro