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Capítulo 11: O Rei Latino Pede Paz

Página 204

Este discurso enfureceu Turno, que retrucou:

— Nunca, Drances, te faltaram as palavras certas e fáceis, quando a guerra exige braços e feitos. És o primeiro que se apresenta quando são convocados os conselheiros, mas não são pelavas vazias—embora ditas em tom ousado e altissonante — que repelirão o inimigo das muralhas, que o expulsarão dos fossos. Tu, ó vilão cínico, acusas-me de cobardia. Mostra-me, então, os montes dos inimigos que derrubaste e os muitos troféus que ornamentam a tua morada. É ocasião de provares o que a tua coragem pede. Não precisamos ir longe para procurar o adversário. Ele está aqui, perto das nossas cidades, ao redor das nossas muralhas. Porque não te adiantas? Será que todo o teu valor estará na tua língua empolada e nos teus pés ligeiros? Mentiroso, que falsamente me acusas de virar as costas aos inimigos! Eu, na verdade vencido! Pergunta ao corpo de Pandaro, de Bitia, e dos muitos guerreiros troianos que enviei ao Tártaro, quando encerrado e preso dentro do seu próprio entrincheiramento. Não há salvação nesta guerra! Chega de falsos medos por uma raça duas vezes vencida, chega de deprimir os guerreiros latinos! Silencia essa língua mentirosa e guarda o veneno atrás dos dentes! Ou então sai pelos portões e vai aterrar com as tuas palavras o inimigo fora das muralhas. Há milhares deles marchando pata cá. Porque te deténs? Avança, guerreiro intrépido, e conduz-nos à vitória! Agora dirijo-me a ti, ó rei e pai, e as tuas graves deliberações. Se realmente não vês nenhuma esperança nas nossas armas, se estamos de animo tão abatido, e se por causa de uma batalha perdida consideramos perdida a guerra, então peçamos a paz e estendamos a Eneias as mãos desarmadas. Se, ao menos, nos restasse algum valor! Mais felizes do que nós são aqueles que, para não verem tal vergonha, caíram moribundos nas praias ítalas. Mas se nos sobram recursos, se temos uma juventude aguerrida quase intacta, se há tantas cidades e povos ítalos para nos auxiliarem e, se por outro lado, a vitória dos troianos lhes custou milhares de vidas, se eles tiveram os seus funerais, se o desastre foi igual para todos, porquê desfalecer e desistir logo no começo da guerra? Porque se vos enche a alma de medo, antes de ouvir o som da trombeta da Morte? O tempo e o êxito inconstante da vida muitas vezes mudam as coisas para melhor. Não estou desanimado por Diomedes nos ter recusado ajuda. Há muitos outros que cerrarão fileiras a nosso lado, como Messapo, Tolúmio e vários chefes de outras tribos. Logo alcançaremos brilhante vitória nos campos laurentinos.

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Capa do livro Eneida
Páginas: 235
Página atual: 204

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
A Queda de Tróia 1
Partem os Troianos 20
Eneias Chega a Cartago 38
Eneias e Dido 57
Os Jogos Fúnebres 79
Eneias no Mundo das Sombras 102
Os Troianos Desembarcam na Itália 124
Eneias em Apuros 141
Os troianos são Cercados 157
A Assembleia dos Deuses 177
O Rei Latino Pede Paz 195
O Combate Final 215