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Capítulo 13: Capítulo 13

Página 100

— Ainda na cripta fatal — concluía Aldefonso —, através das grades que me embargavam os passos, por vós, pelas cinzas de vosso pai, lhe supliquei de joelhos que me acompanhasse. Os velhos bucelários de Fávila, no meio do tumulto, a teriam, talvez, posto em salvo! Sorriu, porém, das minhas esperanças e conservou-se firme no seu propósito. Mas Deus tinha ordenado que, em vez de obter o martírio, caísse nas mãos dos agarenos. De todos os que vínhamos em sua guarda, só eu, acaso, pude escapar, misturado com os soldados da Transfretana. Assim, segui por algum tempo os árabes, que se encaminham para o lado de Segisamon. Ao anoitecer, embrenhei-me nas montanhas. Um pastor que encontrei me serviu de guia, até que cheguei aos pés de meu senhor para lhe pedir a morte e para lhe jurar que estou inocente.

— De pé, cavaleiros! Aos infiéis, em nome de Cristo! — gritou o duque de Cantábria, com uma voz que retumbou nas profundezas da caverna.

Habituados às súbitas arrancadas nocturnas contra os árabes, quando vagueavam em correrias longínquas, os companheiros de Pelágio ergueram-se de salto, ainda mal despertos, e por uma espécie de instinto lançaram mão das armas penduradas por cima das suas cabeças. Era solene e tremendo o espectáculo que apresentava a gruta naquele alçar repentino de tantos homens, no brilho das armas que relampagueavam à luz da fogueira e tiniam umas nas outras. Entretanto Pelágio ordenava a Gutislo que despertasse os homens de armas espalhados pelas choupanas do vale e fizesse dar o sinal de encavalgar. Era necessário partir.

No meio, porém, da revolta, havia alguém que se conservava quedo e que parecia tranquilo. Era o gardingo desconhecido. Encostado à parede anfractuosa da gruta e demudado o gesto, contemplava aquela cena com o vago olhar de quem alongara o pensamento para mui longe dali. Enquanto todos os demais cavaleiros rodeavam Pelágio, indagando inquietos a causa daquele súbito apelidar para uma correria nocturna, ele só ficara imóvel e como indiferente ao tumulto que as vozes do duque de Cantábria tinham excitado entre os guerreiros.

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Capa do livro Eurico, o Presbítero
Páginas: 186
Página atual: 100

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Capítulo 1 1
Capítulo 2 4
Capítulo 3 7
Capítulo 4 12
Capítulo 5 18
Capítulo 6 22
Capítulo 7 28
Capítulo 8 32
Capítulo 9 46
Capítulo 10 55
Capítulo 11 63
Capítulo 12 71
Capítulo 13 90
Capítulo 14 105
Capítulo 15 121
Capítulo 16 134
Capítulo 17 148
Capítulo 18 158
Capítulo 19 171
Capítulo 20 176